Lutar por direitos é o caminho. Por Frei Gilvander Moreira[1]
Ao cursar Filosofia na
Universidade Federal do Paraná, aprendi que não há democracia perfeita, mas
democracia é o melhor regime para garantir convivência social e relações
sociais justas com equidade. São antidemocráticos os seguintes sistemas de
governo: Monarquia (governo de um), aristocracia (organização sociopolítica dos
nobres que, por herança, detêm o poder) e plutocracia (Governo dos enriquecidos
e abastados). No entanto, democracia é um processo que exige construção diária.
Temos que defender e exercitar a democracia cotidianamente. Como?
Temos que defender a construção de
democracia real, social, participativa, direta e econômica todos os dias em
todos os cantos e recantos do país, resgatando o Trabalho de Base, em Grupos de
Reflexão e de luta, unindo as pessoas das classes trabalhadora e camponesa para
que unidos/as e organizados/as lutemos por todos os direitos socioambientais
que incluem lutar por Justiça Agrária, Justiça Urbana, Justiça Ambiental,
Justiça Social e pela superação de todas as discriminações, preconceitos e
violações de direitos humanos fundamentais. Temos que fazer Atos Públicos,
Marchas, Romarias da Terra e das Águas, reuniões, debates, Assembleias, greve
de fome, ocupações de terra e de prédios abandonados, lutas concretas por
direitos e também divulgar as lutas por direitos nas redes digitais até conquistarmos
a revogação de todas as leis, decretos e normas que têm amputado e cortado
direitos trabalhistas, previdenciários, sociais e ambientais. Revogar as
Reformas da Previdência e Trabalhistas, já! Anular a Emenda Constitucional 95,
a que congelou os investimentos em saúde e educação pública por 20 anos. Quanto
mais se enfraquece o SUS[2],
mais se gera lucro para os empresários dos Planos de Saúde e dos hospitais
particulares. Saúde e educação são bens comuns e não podem ser tratados como mercadoria.
Temos que seguir lutando pela realização das Reformas Agrária e Urbana,
demarcação de todos os territórios dos Povos Indígenas, dos Quilombolas e de
todos os outros Povos e Comunidades Tradicionais. Mudar a política econômica do
país, o que passa por fazer Auditoria da Dívida Pública e parar de destinar
cerca de 40% do orçamento do país para banqueiros como amortização desta Dívida
que já foi paga muitas vezes, conforme demonstra a Auditoria Cidadã da Dívida
Pública. Enfim, temos que frear o progresso e o desenvolvimento econômico capitalista
que tem sido apenas para acionistas ricaços e grandes multinacionais e causado uma
brutal devastação socioambiental, fome e miséria para o povo. Nosso objetivo
deve ser preservar ao máximo o meio ambiente, superar a minério-dependência e o
agronegócio e reconquistarmos Políticas Públicas para a Agricultura Familiar
Agroecológica e o fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas,
fortalecendo, assim, a economia popular solidária e a diversificação econômica
em todas as regiões do país. Temos que organizar o povo para fazermos lutas
para colocarmos o Estado Brasileiro para servir ao povo e não ao grande
capital, como tem sido. Fundamental que
o Brasil siga os acordos climáticos internacionais, se comprometendo, de fato,
em investir em projetos de baixo carbono, recuperar as coberturas vegetais e as
nascentes, respeitando a biodiversidade dos diferentes biomas e,
principalmente, valorizar os saberes e os territórios dos Povos Tradicionais e
ancestrais. Somente respeitando a Mãe-Terra e os profundos saberes dos Povos
Originários teremos condições de construir uma sociedade justa, solidária,
sustentável ecologicamente com respeito e admiração pela exuberante diversidade
cultural e religiosa que temos.
Qual o papel de
mobilizações como o Grito dos Excluídos na luta pela democracia? É fundamental o Grito dos Excluídos e
Excluídas, que em 7 de setembro de 2022, em sua 28ª edição em 2022, clamou por
“Vida em Primeiro Lugar” com o tema: “Brasil: 200 anos de (in)dependência, para
quem?” De fato, “independência” para a classe empresarial enriquecida, mas para
as classes trabalhadora e camponesa tem sido dependência, neocolonialismo e
superexploração da dignidade humana e do meio ambiente de forma brutal. As
mobilizações do Grito dos/as Excluídos/as e todas as mobilizações que unem o
povo, organiza e realiza lutas concretas por direitos são vitais e necessárias,
pois a história demonstra que tudo o que ainda existe de direitos humanos é
fruto de muita luta popular. Direitos se conquistam com lutas coletivas e
populares, de cabeça erguida, muito amor, utopia no olhar. Esperar que os de
cima (opressores) vão resolver as injustiças sociais é ilusão. Em Belo
Horizonte, MG, por exemplo, nos últimos 14 anos de lutas concretas por moradia
ocupando terrenos e prédios abandonados, o povo injustiçado, em mais de 130
ocupações, construiu mais de 35 mil casas, libertando cerca de 120 mil pessoas
da pesadíssima cruz do aluguel ou da humilhação que é sobreviver de favor ou
nas ruas. “Com luta e com garra a casa sai na marra” e todos os direitos humanos,
sociais e ambientais. Nas lutas coletivas podemos muito mais que imaginamos.
Porém, sem mobilização e sem lutas concretas processuais, só perdemos direitos e
morremos aos poucos.
Portanto, lutemos de cabeça erguida,
reunindo os injustiçados/as. Eis o caminho libertador.
13/09/2022
Obs.: As
videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.
1 - Ato
Interreligioso em BH/MG em defesa da democracia, da vida, pela paz e contra
golpistas/opressores
2 - Carta da
Democracia e as Eleições no Brasil, com o advogado Antonio Carlos Kakay
3 - A Democracia
funciona quando existe respeito aos direitos humanos. Por frei Gilvander -
12/4/2021
4 - Vote pela
democracia, pela justiça, paz e pela vida! Por frei Gilvander - 1ª Parte -
11/11/2020
5 - Luta contra
mineração no 27º Grito dos Excluídos, em Itabira, MG, no Palavra Ética na
TVC-BH
6 - 27º Grito dos
Excluídos, de Itabira, MG, no Palavra Ética da TVC-BH: Fora, Bolsonaro!
07/09/2021
7 - Fernando
Francisco de Gois, outro Cristo/Servo de Deus no meio dos excluídos, em São
Félix/MT agora
8 - 5ª Romaria das
Águas e da Terra da bacia d rio Doce, Conceição do Mato Dentro/MG. Com Frei
Gilvander
9 - Milhares no
28º Grito dos Excluídos em BH/MG: "Fora, Bolsonaro! Lula, Lá! Resgate de
direitos, já!"
[1] Padre da
Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação pela Faculdade de Educação da
Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG); licenciado e bacharel em
Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); bacharel em Teologia pelo
Instituto Teológico São Paulo (ITESP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício
Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da Comissão Pastoral da
Terra/MG (CPT), assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) e das
Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no Serviço de Animação Bíblica
(SAB), em Belo Horizonte, MG; colunista de vários sites; e-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br
– www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook:
Gilvander Moreira III
[2] Sistema Único de Saúde.
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